terça-feira

Em fase de manutenção!

Acho que mais difícil que a conquista é a fase de manutenção!
Me peguei pensando nessa frase esses dias, e acabei lembrando de quando era criança. Era uma decepção para mim quando 'enjoava' de uma música que gostava muito. Não me conformava. Como tudo aquilo que me amparava de sentido desaparecia da noite para o dia? Desenvolvia técnicas para que isso não acontecesse: evitava ouvir a mesma musica repetidas vezes, intercalava com outras, me programava para ouvir só uma vez na semana. Dessa forma achava que poderia prolongar mais o efeito da música, e assim me surpreender com ela mais vezes.
Na adolescência, eu aprendi a destrinchar a letra, por mais que o que eu dê mais valor seja para a emoção que a melodia me traz. Decorava cada vírgula, pensava na historia do cantor, da banda, buscava mais músicas, esse era o jeito de me salvar do 'enjôo'. O que fazia também, assim como muitos, era associar a música a um momento, a uma viagem, a um namorado, a alguma festa e amigos.
Confesso que associar a música a fatos tem sido a idéia campeã, e revivo momentos com cheiros, gostos, e com tudo mais que tiver direito.
Mas isso não altera a condição fugaz do sentido - ou da manutenção, como mencionei no titulo deste texto - e a presença do 'enjôo'. Os sentidos se evaporam no tempo, a idéia de mantê-los se aproxima mais de recria-los. A manutenção se aproxima muito mais da luta do que do gozo.
A menininha cresceu lutando pela permanência, dentro de uma vida que insiste em dizer que tudo é passageiro.


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