sexta-feira

Ele



Eu já tentei escrever sobre esse momento um milhão de vezes, eu já comecei e apaguei esse texto em computadores diferentes, em folhas de cadernos, em orelhas de livros. Daquela época só me restam lembranças, uma carta sentida - nunca entregue, alguns emails, resquícios enfim, poucos, muitos foram literalmente deletados – era o inicio da minha vida em redes sociais virtuais.
Já tentei textos melancólicos, engraçadinhos, já tentei falar de nossas aventuras, de nossas desventuras, da intensidade da paixão e do espaço vazio em que me vi sozinha logo depois.
Já quis me culpar, mas foi nesta época em que aprendi a por a culpa no outro. Resolvi seguir, como se pudesse apagar o que havia sentido, recomeçar do zero como gostava de dizer, e buscava experiências que superassem as que tinha vivido. Segui frustrada. Era difícil de entender, era impossível.
Eu o queria, queria como nunca e como nunca mais aconteceu, na verdade aconteceram coisas muito diferentes a partir daí e eu pude querer algo novo. Isso é o inteligível da coisa, mas o ininteligível, o incompreensível, o desejo absoluto, vivo, libidinoso, vigoroso, esse existiu todo e absoluto naquele momento com ele.