sexta-feira

Ele



Eu já tentei escrever sobre esse momento um milhão de vezes, eu já comecei e apaguei esse texto em computadores diferentes, em folhas de cadernos, em orelhas de livros. Daquela época só me restam lembranças, uma carta sentida - nunca entregue, alguns emails, resquícios enfim, poucos, muitos foram literalmente deletados – era o inicio da minha vida em redes sociais virtuais.
Já tentei textos melancólicos, engraçadinhos, já tentei falar de nossas aventuras, de nossas desventuras, da intensidade da paixão e do espaço vazio em que me vi sozinha logo depois.
Já quis me culpar, mas foi nesta época em que aprendi a por a culpa no outro. Resolvi seguir, como se pudesse apagar o que havia sentido, recomeçar do zero como gostava de dizer, e buscava experiências que superassem as que tinha vivido. Segui frustrada. Era difícil de entender, era impossível.
Eu o queria, queria como nunca e como nunca mais aconteceu, na verdade aconteceram coisas muito diferentes a partir daí e eu pude querer algo novo. Isso é o inteligível da coisa, mas o ininteligível, o incompreensível, o desejo absoluto, vivo, libidinoso, vigoroso, esse existiu todo e absoluto naquele momento com ele.



quinta-feira

simples e lindo!

lindo e simples!




terça-feira

O Outro

Como decifrar pictogramas de há dez mil anos,
se nem sei decifrar minha escrita interior.
Interrogo signos dúbios e suas variações caledoscópicas,
a cada segundo de observação.
A verdade essencial é o desconhecido que me habita
e que a cada amanhecer me dá um soco.

(Carlos Drummond de Andrade)

Em fase de manutenção!

Acho que mais difícil que a conquista é a fase de manutenção!
Me peguei pensando nessa frase esses dias, e acabei lembrando de quando era criança. Era uma decepção para mim quando 'enjoava' de uma música que gostava muito. Não me conformava. Como tudo aquilo que me amparava de sentido desaparecia da noite para o dia? Desenvolvia técnicas para que isso não acontecesse: evitava ouvir a mesma musica repetidas vezes, intercalava com outras, me programava para ouvir só uma vez na semana. Dessa forma achava que poderia prolongar mais o efeito da música, e assim me surpreender com ela mais vezes.
Na adolescência, eu aprendi a destrinchar a letra, por mais que o que eu dê mais valor seja para a emoção que a melodia me traz. Decorava cada vírgula, pensava na historia do cantor, da banda, buscava mais músicas, esse era o jeito de me salvar do 'enjôo'. O que fazia também, assim como muitos, era associar a música a um momento, a uma viagem, a um namorado, a alguma festa e amigos.
Confesso que associar a música a fatos tem sido a idéia campeã, e revivo momentos com cheiros, gostos, e com tudo mais que tiver direito.
Mas isso não altera a condição fugaz do sentido - ou da manutenção, como mencionei no titulo deste texto - e a presença do 'enjôo'. Os sentidos se evaporam no tempo, a idéia de mantê-los se aproxima mais de recria-los. A manutenção se aproxima muito mais da luta do que do gozo.
A menininha cresceu lutando pela permanência, dentro de uma vida que insiste em dizer que tudo é passageiro.


sábado

O contra-senso

Ando lacônica demais para ter um blog! Ou talvez isso seja apenas um reflexo do quão anti-social eu estou!


terça-feira

Como la Cigarra


Tantas veces me mataron,
tantas veces me morí,
sin embargo estoy aquí
resucitando.
Gracias doy a la desgracia
y a la mano con puñal,
porque me mató tan mal,
y seguí cantando.
Cantando al sol,
como la cigarra,
después de un año
bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra.
Tantas veces me borraron,
tantas desaparecí,
a mi propio entierro fui,
solo y llorando.
Hice un nudo del pañuelo,
pero me olvidé después
que no era la única vez
y seguí cantando.
Cantando al sol,
como la cigarra,
después de un año
bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra.
Tantas veces te mataron,
tantas resucitarás
cuántas noches pasarás
desesperando.
Y a la hora del naufragio
y a la de la oscuridad
alguien te rescatará,
para ir cantando.
Cantando al sol,
como la cigarra,
después de un año
bajo la tierra,
igual que sobreviviente
que vuelve de la guerra.
Composição: María Elena Walsh

Confissões de Útero

Menina... menina.... meus sonhos são de menina
Meus atos são ainda ingênuos... intuitivos...
Me faltaria um pouco de objetividade?!
Ou gosto por tarefas?!
Talvez se eu gostasse menos de filmes....
De histórias, Heroínas, canções...
Talvez se eu gostasse menos das minhas histórias, heroínas e canções....
Se ao menos eu conseguisse coincidir os dois mundos... até eles deixarem de ser dois
Até eles deixarem de ser....
Se meu mundo fosse o seu, e o seu o meu...
O nosso o dos outros e os outros... não fossem nada além de mim mesma!
Não teria mais que me preocupar... não haveria meu
Não haveria seu...
Não existiria EU.